Telefonema

Ela¹: Alô?


Ela²: Eu te amo.

(silêncio)

Ela¹: Olha, eu…

Ela²: Não, não fala nada. Me deixa pôr pra fora isso tudo. Eu sei que são 4 horas da manhã e eu te acordei sem me importar se você estaria com ela na sua cama ou não. Mas eu não quis deitar com essa vontade que eu estava de ouvir a tua voz. Sim, deitar. Porque há noites eu não consigo dormir pensando em nós. Olha, eu sei que você não gosta que te acordem durante a madrugada e sei até que você desliga o celular para não ser perturbada. Eu sei que eu deveria ter deletado seu número da minha agenda, eu sei disso. Quer dizer, eu deletei. Mas ele permaneceu gravado na memória. E isso é péssimo considerando a situação em que nos encontramos, não é? Mas olha, não desliga ainda. Eu sei que provavelmente você está fingindo estar falando com uma amiga qualquer para que ela não note que sou eu a te ligar a essa hora. Eu sei que você deve estar passando a mão no rosto dela e rindo da sua cara de sono e do seu sorriso bobo. A noite está fria, então ela deve estar pedindo seu colo e aninhando-se em seus braços para roubar um pouco do calor do teu corpo para se aquecer. Diga a ela que você gosta de carinhos na nuca e que gosta que esses carinhos permaneçam até que você adormeça. Diga a ela que você odeia perfume forte de mais. Eles te fazem espirrar e você fica irritada quando espirra. Diga a ela que você ama fazer cócegas e gosta de café quentinho pela manhã. Diga a ela para deixar uma camiseta, que você vai gostar de usar para dormir quando ela não estiver. E que você gosta mais ainda quando o perfume fica. Diga a ela que você odeia perder no vídeo-game e que não gosta que mexam nas suas coisas. Você diz que tem sua “bagunça organizada”. Diga a ela que você gosta de contar como foi seu dia enquanto tenta preparar algo para o jantar. Ah, o mais importante. Não esqueça de dizer a ela o quanto você gosta de ouvir um “eu te amo.” E que ele precisa ser sincero. Só diga a ela para cuidar de você, do mesmo jeito que eu cuidaria, tá? E me desculpa por isso. Me desculpa por tudo que poderíamos ter sido e não fomos. Me desculpa por te amar tão perdidamente. Me desculpa por sentir tanto a tua falta. Se cuida pra mim, eu quero te ver bem. Eu te amo.

Ela desliga o telefone, e ela encontra-se debruçada em lágrimas.

quarta-feira, 18 de julho de 2012 às 18:37

1 Comment to "Telefonema"

Nossa esses sentimentos, que não conseguimos tirar de nós, e que nos tiram o sono, parece que não temos poder sobre nós mesmos. Lindo, coragem de ligar.Eu não sei se teria essa coragem. Lindo!

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